Mara Maravilha: "Não precisei usar fio dental em A Fazenda" Por: Ricardo Feltrin l Especial para A TARDE

Mara Maravilha é uma exibida por natureza. Não se trata de juízo de valor por parte de A TARDE. Não. Ela mesma admite que é exibida e que AMA um holofote (maiúsculas dela). Foi isso que conseguiu no ano passado, ao aceitar participar do reality show A Fazenda, da Record.

Mara já havia sido sondada para participar nos últimos três anos, mas sempre recusou.

Dessa vez, porém, voltou ao holofote, e com tudo: fez beicinho, manha, brigou, se intrometeu em briga alheia, apartou, chorou, fez xixi na grama para prejudicar os outros candidatos e até esbofeteou um desafeto ao vivo. Por que ela fez isso? "Porque eu fui lá para causar", diz sem meias-palavras. "Eu sou porreta", admite essa baiana de 47 anos.

Para uma artista, Mara é extremamente sincera. Na entrevista exclusiva a seguir ela admite que só entrou no reality para voltar à mídia, que sonha agora que alguma emissora a chame para comandar um programa ou até mesmo fazer alguma novela (isso mesmo, ela quer ser atriz) e vai aproveitar a volta repentina da fama para sair pelo país em um show stand-up, e depois gravar outro álbum.

O que quase ninguém sabia, porém, é que além dos holofotes Mara tambem é uma modesta e esforçada corretora de imóveis. "Sou credenciada e tudo". Leia a entrevista a seguir. Vale a pena.

Mara, qual foi o real motivo que levou você a aceitar participar de um reality show como A Fazenda?

Na verdade eu queria muito. Adoro reality shows e, artisticamente, vi que iria ter muito espaço para revelar meu talento como apresentadora, cantora e até mesmo para dramaturgia.

Muita gente disse que você só aceitou como forma de voltar a chamar a atenção da mídia. Há alguma verdade nisso?

Sim, com certeza. Por que não?

Você se arrepende de alguma coisa que fez durante o confinamento? Já chegou a assistir seus "piores momentos"?

Sim, me arrependo de algumas. Já vi muitas cenas e, como todo mundo, me divirto bastante. No balanço geral creio que fui melhor do que imaginava e essa é a resposta que tenho do público, que me intitulou como protagonista.

Antes do reality você era conhecida como uma cantora gospel, evangélica, aparentemente dedicada a Deus. Devo dizer, como jornalista, que depois do reality essa imagem acabou...

O que tenho de mais precioso é a minha fé em Deus e isso te garanto que nunca vai acabar. Continuo louvando a Deus. Aliás me vejo louvando até no céu, mas aqui na terra os estereótipos sempre prejudicam.

Bom, você foi encrenqueira com outros integrantes de A Fazenda, chegou a fazer o grupo ser punido por ter urinado na grama. Não são lá atitudes elogiáveis, concorda?

Super concordo. Mas estava ali exatamente para isso: causar! Porém te asseguro que não precisei usar fio dental, xingar palavrão e nem ir para debaixo de edredon com ninguém, e também leve em conta o que fizeram comigo...

Quais os planos para sua carreira a partir de agora? Você vai voltar a gravar gospel?

Com certeza. Inclusive ainda nesse primeiro semestre estarei nos teatros de todo o Brasil com o meu show de stand up Mara Maravilha - Ela é o Show. Vou cantar e contar histórias dos anos 1980.

Quase três meses antes de a Record anunciar os nomes de A Fazenda, alguns sites já cravavam que você seria uma das participantes. Como isso vazou tão cedo?

Desde a primeira edição meu nome já circulava e foi uma ótima oportunidade, a qual agradeço a Record.

Conheço você há quase 20 anos e sei a importância que sua mãe, dona Marileide, teve em toda sua carreira. Duas perguntas sobre ela: 1) se ela estivesse viva, você teria feito o reality mesmo assim?  2) Você acha que ela teria gostado da sua participação?

Te admiro e respeito, mas você sabe muito bem que eu não participaria; ela não deixaria! Mas a Mara de A Fazenda foi também muito a dona Marileide: arretada, porreta. Sobre a segunda pergunta, acredito que sim, eu fui muito a personalidade dela lá dentro.

Você  tem uma história cinematográfica. Nasceu no interior da Bahia (Itapetinga), seu pai não queria casar com sua mãe, mas parece que seu avô o obrigou na base de revólver, foi isso? Depois quando os dois brigaram, você chegou a ser sequestrada por seu pai quando pequena, ele acabou preso, entrou na Justiça para obter sua guarda, uma briga feia... Sua história em si já daria um filme ou uma biografia, pensa em fazer algo a respeito?

Só um jornalista como você para saber tantas riquezas de detalhes assim (risos). Minha história, do nascimento, todas as conquistas profissionais, o sucesso no SBT, na Record, a minha conversão a Cristo, tudo isso pode ser visto no documentário Foi Assim 30 anos que lancei no final do ano passado. É um DVD que, além da minha história, tem imagens raras como a do Silvio Santos me chamando de filha; ah, e vem com um CD com músicas minhas em espanhol.

Uma vez sua mãe me disse que você era uma exibidinha desde criança, que sempre quis ser famosa. Que em vez de Eliemary ela devia ter te batizado como Aparecida…

Hahahaha! Amo ser popular, sempre gostei de receber esse carinho! E essa paparicação vem mesmo desde criança, também fui filha, sobrinha e neta única durante muito tempo. Todo lugar que eu vou eu sou sempre muito bem recebida e bem tratada, com exceção de A Fazenda (risos). Amo ser artista!

Sua carreira como apresentadora mesmo começou na TV Itapoan, no Clube do Mickey. Conte como foi que você foi parar no SBT baiano…

Participava de concursos na Bahia, comecei apresentando outros programas por lá até que chegou a oportunidade do Clube do Mickey, versão brasileira do programa apresentado por Britney Spears e Christina Aguillera no exterior. De estrelinha do programa me tornei a apresentadora. Foi justamente nesse posto que chegou através de uma fita VHS às mãos do Silvio Santos. Isso despertou nele o interesse de me contratar para o SBT, antiga TVS.

E como acabou surgindo o convite para sair da Bahia e assumir o programa em São Paulo e, depois, para todo o Brasil?

Fui para São Paulo com minha mãe, e quando o Silvio perguntou dos estudos, e se daria para eu encarar essa oportunidade, eu disse que sim antes que minha mãe respondesse. Era a oportunidade da minha vida!

A TV te deixou rica? Você soube investir ou perdeu tudo?

Falando financeiramente, te garanto que preciso trabalhar muito ainda, mas não posso reclamar, estaria pecando.

Falando nisso, o que você ganhou pelo trabalho em A Fazenda?

Ganhei um cachê e muito mais popularidade.

Parodiando o Silvio Santos, você hoje afinal está solteira, casada ou tico-tico no fubá?

Estou noiva, estou bem.

E os planos para 2016? Existe algum contrato ainda com a Record, você tem algum plano, algum programa em vista?

Prioridade é Deus e saúde. Além do trabalho artístico também estou no ramo imobiliário, sou corretora também credenciada e agora em fevereiro estreio nos palcos com meu stand up. Quanto a um programa, é algo que quero muito e estou pronta para dar o meu melhor assim que surgir essa oportunidade, que eu acredito que está próxima.

Qual seu contato hoje com a Bahia e com seus parentes?

Bem menos que gostaria.

Quando foi a última vez que você esteve em Itapetinga?

Foi recentemente, numa gravação do Domingo Show, da Record.

Mande uma mensagem para seus fãs baianos do jornal A TARDE…

Quero dizer que eu tenho orgulho de ser baiana, nordestina e tenho muitas saudades das praias, das comidas, do sotaque. Nunca negarei minhas origens.

Última: Você achava que poderia ganhar o reality da Record? Ficou chateada em ser eliminada?

Gostaria muito de ter ganhado, mas estou bem e em paz, sai de lá com um contato ainda maior com o meu público, e esse é o meu maior prêmio.

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Entrevista por Ricardo Feltrin